Saúde feminina em primeiro lugar

RELATO

Uma História bonita sempre merece ser contada 💙 Viver e reviver esses dias de parto, foram muito intensos e após 9 meses resolvi compartilhar pois para mim relatos são marcas da nossa história, nossa “tão nossa história”, como sonhada ou muito longe disso, mas exatamente como deve ser para que possamos EVOLUIR, vamos lá: Tudo “começou” no dia 17/02 (segunda), (38se e 5d) em consulta com meu obstetra Dr. Raniere Quirino, conversamos sobre indução natural de parto (chás, movimentos, massagens, acupuntura, etc) pois sempre tive muito medo de precisar da “tão dolorosa” indução farmacológica (misoprostol, ocitocina, etc) na minha cabeça, esses métodos me trariam mais dor do que eu poderia suportar, (bobinha) então embora eu não estivesse ansiosa, já queria muito que ele viesse naturalmente até as 40s, caso ele não viesse, aguardar sua chegada nas próximas 2s me deixariam ansiosa devido a possibilidade de ter que induzir (meu medo inicial), eis que minha pressão arterial levantou a bandeira do alerta 14:10 e ele sugeriu no consultório naquela hora fazer a primeira indução natural - mecânica (descolamento de membrana) que dentre os métodos naturais eu tb tinha medo da dor, mas aceitei fazer para não ter que ficar internada nem entrar nos métodos de indução. Para minha tristeza, só senti a dor e desconforto porque o colo ainda estava alto e posterior e por isso não valeria a pena fazer esse método naquele momento. Fui pra casa com um prazo, se até sexta-feira ele não nascesse naturalmente, no sábado eu teria q ser internada para começar o processo de indução. No dia 18/02, (terça) busquei antecipar a USG para ver se estava tudo bem, e reavaliar a pressão, o bebê estava bem e a pressão só aumentava 15:10, ao comunicar ao meu obstetra ele disse q se continuasse assim teria q antecipar a internação, a noite aferi novamente, 16:10, sabia que dessa vez ele iria pedir para eu me internar e assim ele fez, fomos em casa “aumentar as roupas na mala” e seguir ao hospital, onde o meu médico começou a dar todas as orientações do processo que íamos começar para regular a pressão com sulfato de magnésio e iniciar a indução com comprimidos de misoprostol. Por necessidade de monitoramento constante precisei ficar 24h na UTI, o tempo custava passar e o colo do útero se mantenha firme, sem celular, sem televisão, cheia de fios, acessos, uma sonda e somente com 1 livro tentei ocupar minha mente com boas ideias, pensamento positivo que tudo daria certo, e também tentei descansar, desacelerar e poupar energias para o trabalho de parto, não foi fácil, estava só, pois por uma decisão durante a gestação eu optei por não revelar a ninguém quando fosse ao hospital para que as pessoas não ficassem preocupadas e para que eu não tivesse que me preocupar com o exterior, para que eu não fraquejasse em nenhuma etapa, pois um grande desafio, eu sempre tive medo do parto desde a infância, independente da via, eu sempre tive medo de morrer. E por esse medo, não compartilhei esse momento com ninguém além de meu companheiro e a equipe de parto, recebi visitas da equipe, que me fortaleceu em cada etapa. No dia 19/02 (quarta feira) ainda na UTI durante todo dia, ganhei da minha amiga e doula, Geise Nascimento, alguns presentinhos que me animaram, papel, caneta e a minha pulseira do chá de bênçãos com contas de força e de coragem de um time forte de mulheres que fizeram parte de um dia único e bem especial, nesse momento recebi uma energia surreal e passei aquela noite lembrando as palavras, e mensagens de encorajamento que minha mãe, minha tia-mãe, prima, sobrinhas, minha sogra e amigas me disseram, naquela noite renovei minha força, e parei de ler um pouco para escrever, inspirada nas lembranças, fiz cartinhas para Enrico e de Enrico para o mundo, registrando os últimos sentimentos meu e dele enquanto estávamos de corpos unidos. No dia 20/02 (quinta-feira) após o tempo da sulfatação, graças a Deus minha pressão estava equilibrada e fui para a enfermaria continuar a indução, e após 9 comprimidos a evolução era muito discreta. No dia 21/02 (sexta feira) meu obstetra sugeriu outro método de indução, a bomba de Foley, esse não tinha pesquisado 😰, ele me explicou todo processo e eu disse: vamos lá. Após o balão ser expelido, tomei um banho e me organizei para o trabalho de parto e quando sai já estavam lá a doula Geise Nascimento e a fotógrafa maravilhosa Nathalia Monte, logo pensei, eita acho que agora vai começar né, e começou, pouco tempo depois andando nos corredores comecei a sentir pequena contrações, que aos poucos elas iam ganhando consistência e ritmo, meu marido providenciou a liberação da sala de parto e lá fomos nós, iniciamos nesse momento outro agente indutor, a famosa oxitocina que eu tanto temia, bola, chuveiro, rebolo, agachamento, cama, meu obstetra sugeriu um rompimento da bolsa, eu aceitei, senti aquele líquido aquecido e pensei, agora vai, bola, chuveiro, rebolo, agachamento, cama, e em um toque que a maravilhosa enfermeira obstetra Duanne fez ela perguntou se eu queria saber em quantos cm de dilatação estava ou não, preferi não saber, tive medo de não ter evoluído tanto em meio a tanta dor que já estava sentindo e isso me bloquear de evoluir. Passando o tempo meu obstetra voltou vestido com uma roupa do hospital logo pensei, “ferrou tudo, ele vai me levar para o bloco cirúrgico” (na hora fiquei triste mas não compartilhei isso com ninguém) fração de segundo relembrei o quanto eu confiava nele, e se fosse necessário eu deveria ir sem tristeza, graças a Deus a roupa era somente devido ao calor da sala e ele veio com palavras doces me dizendo que estava evoluindo bem. Após a dor se intensificar pedi para entrar na banheira, como o processo estava sendo longo minhas forças estavam se esgotando, mas eu sabia que a necessidade de dar meu máximo de força ainda estava por vir, a cada contração eu chamava pelo meu filho que estava tão bem na casinha dele que não queria sair, nessa hora bateu cansaço, medo, enfim eu só pensava em seguir, pedindo forças a nossa senhora, lá eu estava a maior parte do tempo de olhos fechados, era como se eu estivesse sozinha ali, bem na partolândia, quando vinha contração pensava aí mais uma, escutei uma voz (minha doula), que me disse, as contrações estão trazendo seu filho para seus braços cada contração é menos uma, daqui a pouco ele estará aqui fora. Totalmente conectada com meu interior em algum momento abri os olhos e vi a pediatra neonatal maravilhosa Dra. Wanessa Ramalho, pensei: “opaaa tá perto” (sabia q quando a pediatra aparece é pq tá perto do momento do nascimento do bebê) as aferições do coraçãozinho dele aumentavam, as contrações também quando comecei a sentir a famosa vontade de fazer força, eu estava bem exausta e tivemos mais um momento marcante em nossa história, perdi a força até para respirar, quando meu médico falou: “você precisa respirar” e minha doula olhou nos meus olhos e disse: “você precisa respirar bem, pois ele ainda depende de você para isso, ele está respirando através de você”, ao ouvir aquilo, mesmo sem força alguma dei um suspiro bem forte, buscando todo ar possível para que meu filho se mantivesse bem. Eu sabia onde estava, estava no expulsivo, e não pensava mais em tempo, não pensava em nada, somente em me manter bem para q ele estivesse bem, quando meu médico disse que já dava pra ver e sentir a cabeça dele, eu havia dito em consulta que gostaria que Rodrigo fosse o primeiro a pegar meu filho no colo e me desse em seguida e meu médico perguntou se naquele momento queríamos nos posicionar para isso, mas Rodrigo estava atrás de mim e me abraçava e eu não queria sair daquele abraço, mudei o plano, pedi para meu médico pegar e nos dar em seguida, as contrações vinham e a evolução era pouca, quando ele perguntou se eu queria q ajuda com um toque na hora da contração, disse q sim, e assim foi até a saída da cabeça do meu filho que aconteceu em 2 contrações senti o círculo de fogo e é exatamente como o termo diz ou como um abacaxi como uma grande amiga me descreveu uma vez, ele estava de fato vindo agora com a saída da cabeça eu estava sentindo, ele estava enlaçado, e o médico começou a avaliar a pulsação do coração pelo cordão, eu exausta sem força, esperando a próxima contração para enfim pegar meu filho no colo, daí em diante, foi tudo muito rápido, muito mágico, muito lindo, mais uma contração enfim meu sonho se tornaria realidade, na melodia “Ainda bem” de Marisa Monte, meu amor virou gente, e estava ali, nos meus braços. Eu não percebi na hora, mas meu marido vivenciou uns segundos de super tensão quando pegamos Enrico no colo, ali durante o final expulsivo ele viu a preocupação da equipe médica ao perceber que os batimentos do nosso filho estava diminuindo pela demora na saída total de Enrico, ele não chorou de imediato, e o nosso medico entregou ele pra gente aferindo a pulsação e fazendo massagem com os dedos no peito dele, em fração de segundo meu marido viu a preocupação da pediatra se aproximando para pegar caso fosse necessário, e nosso obstetra fazendo sinal de que estava tudo bem, mas meu marido continuou tenso até ouvir o choro, um sinal de vida e um gesto de que estava tudo realmente bem. E assim no segundo seguinte tudo aconteceu, ele chorou, em cima do meu ventre, onde por todo tempo ele tão bem conhecia como sua morada, eu não lembro o que eu disse, estava mergulhada totalmente naquele momento, que finalmente graças a Deus e a natureza aconteceu como sonhamos, com nossa música, a meia luz, cercado de cuidados por uma equipe maravilhosa de profissionais altamente competentes os quais teremos eterna gratidão, me atentei em ver cada detalhe, achei ele lindo de imediato, o mais lindo que já vi, com olhos aboticados, um pouco vermelhos ao ouvir nossa voz ele olhou pra cima procurando conhecer também a voz que ele tanto ouvia na vida uterina, foi muito emocionante esse encontro, o mais lindo encontro que já vivi, ali vi Deus, no toque, na mãozinha com unhas grandes que agarrava meu dedo, no cheiro do verniz que encobria seu corpo. O papai muito emocionado, fez o corte do cordão umbilical pronunciando um lindo juramento, desligando nosso laço para que todos nós pudéssemos nascer juntos, ali nasceu nosso filho Enrico, no dia 22/02, 39s e 3d (sábado de carnaval – nos fazendo viver o maior bloco de nossas vidas) as 03:41, com 3.370kg e 49cm com muita saúde e perfeitas condições, eu nasci como mãe, meu esposo nasceu como pai e assim nasceu nossa família, um momento único e marcante para sempre em nossas vidas, nesse momento me senti a mulher forte e mais feliz do mundo.
Jéssica Santos